quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ecos de agonia ltda

Inspira profundamente à procura do ar que parece não satisfazer
Levanta, senta e perambula em círculos sem nenhum objetivo
Passeia por letras sem conseguir concentrar-se em nada
O livro aberto, alheio às baforadas da janela
Suor escorre e pinga ao tremor do corpo

Olhos correm por fotografias e quadros empoeirados
Reflexo do ser inquieto nas negras telas desligadas
Som do pulso acelerado atravessa tic-tac do ponteiro, mistura quase inaudível, mas terrivelmente perturbadora

O telefone mudo sobre a mesa
caixas de entradas vazias
corredor surdo atrás porta
ruídos longínquos de evoé ecoados no ouvido de lata vazia

Dentro do ser, espécie de formigamento parece soar como trezentas cigarras desesperadas
Cinzeiro cheio, xícara suja de café, maço vazio
e nada
nada mais
além de um gosto amargo, e tremores
vácuo inexplicavelmente vibrante
um vazio que poderia ser preenchido com leitura, se conseguisse

Pálido rosto suado se funde na atmosfera tom amarelo seco
Inexistente som contínuo ecoa no corpo em curto circuito
entre destroços indecifráveis da alma

Violão desafinado parece encarar e rir da ignorância
do vazio e desnorteado ser
Nenhum vestígio do que aconteceu
se é que aconteceu.