segunda-feira, 25 de março de 2013

Box

Aqui. Aqui eu posso. Nesse limitado espaço de metro quadrado sinto liberdade incontável. Eu nu, comigo mesmo. Longe dos olhares me desnudo e me revelo íntima e infinitamente. Num profundo reinventar reflito sobre mim e tudo que eu tenha tocado, com palavras ou olhares.
Transforma a mim também, água, leva embora a sujeira do dia a dia, das podres relações, cinzas e fumaças. Queria eu também ter destino certo, canos e tratamentos a seguir, condicionada, e minha ocupação: escorrer, deslizar acima e abaixo. Queria eu poder ser uma simples gota. Levada e absorvida, aderida entre milhares e milhares de outras gotas desnudas.
Leva embora memórias e cansaços, abrindo espaço para o novo.

terça-feira, 19 de março de 2013

Quero bradar, vou correr, preciso cingir as ondas do mar. 
Ah, mar. Ahr, dor.
 

Chhh
Aahhr
 
Chhhh
 
Aahhhr
 
Fhhhhhhhhhhhxxss

Vento forte; vertical, inclino.
Entre os dedos a dura e gélida areia,
que em sua brancura imensa submersa na penumbra
ri de meus dentes e me lambe em bruma,
lava meu pranto. 
Eu, horizonte, grito: 

Eu sou feliz!
 
Eu sou!
 
Eu Só.