domingo, 12 de abril de 2009

pre-par-ação

Sinto falta do tempo em que havia tempo pra olhar o céu e ver as estrelas, percebendo companhia. Vejo necessária visão maior, a visão de que somos parte desse todo. Falta mais sintonia com o todo, com todos. Falta mais sintonia, ao mínimo, com o ser terrestre; E com um dos seres mais próximos de nós, que somos nós, humanos, apenas pequenas partículas desse organismo-universo.
Humanos todos iguais. Comem, bebem, vivem, crescem e modificam... pra quê?
Sinto medo do momento em que se tem tempo pra olhar o céu, e sem perceber o exterior, se faça nada, só olhando pra dentro.
Esse dentro é vazio, reflexos doutrora, cheio de coisas não palpáveis. É tempo perdido não olhar pra fora.
É necessário se colocar dentro do grande, do grande que é realmente grande, tão enorme que nem capacidade temos de saber do que se trata. Trata-se de procurar alcançar saber. Olhar pra dentro agir no agora, enxergar-se, de fora.
Cada um vibra, mesmo sendo forte, pequena a vibração se comparada com as ondas do oceano. Mas tudo que é macro começou com o micro.
Perceba tudo a sua volta.
A memória: aquele momento em que se era, era verdade de verdade. O inesperado, a resposta interna: a essência individual daquele agora.
O nosso pequeno infinito particular é tão vasto que se perder é fácil.
Olhar pro agora, se ver fazer; guardar na memória: é saber ser, é ser e saber.
Ser bem, é estar sempre olhando de fora, dentro pra fora, fora pra dentro, até se enxergar como essência em constante movimento.
Ser é estar.
Olhando pra fora é mais fácil se encaixar, ao menos se ver como parte. Fazendo pra fora, se vê perceber, percebendo.
Perceber e se incomodar, com cuidado para não acomodar o que o eu, você e o mundo não gosta; que é banalizado, não se gosta de ver.
Quem incomoda uma hora é incomodado, estressado, sem perceber vive; este olha de dentro pra dentro, sacia aquele agora que passa toda hora.
Olhar, deveria: de dentro pra fora; pra perceber o fora.
Fazer pra fora muda mais dentro do que se imagina. Fazer sabendo do fora.
Fazer pra dentro olhando só pra dentro e sem pensar no fora só é bom naquela hora, naquele agora.
O agora universal é muito mais prazeroso e durável, e palpável; é o infinito que ecoa com sua energia. Grandiosa cada mudança, mesmo sutil.
Olhar pra fora pra ficar bem, sintonizar, se encaixar melhor dentro do infinito universo; movimento da vida.
Ficar bem dentro, olhando pra fora; depois fazer lá fora pra melhorar todos os momentos que virão, voltarão pra dentro, do mundo afora. O mundo responde, faz andar o agora. O nosso agora grande.
A verdadeira felicidade é o aprendizado do belo, ensinado através dos exemplos do movimento da vida; os acasos, os casos, o destino; eu acredito.
É melhor não esperar secar pra se dar conta de que faz falta tudo que era, de graça, facilmente aprendido em exemplos impressionantes do que é belo de verdade.
Tenho receio de que seja necessário ter dificuldade pra comer, beber ou viver para que se perceba que seria possível que todos colaborassem para o todo. Receio o momento em que seja necessário um estrago tão grande causado pelos excessos, que se perceba que é mais saboroso saciar e ver saciado.
Imagino um mundo onde não haja motivo para se desesperar e querer fugir do agora, mesmo que essa dor doa sem se perceber.
Nós agimos e reagimos junto com o universo. Inconscientemente, muitas vezes, respondemos sem pensar ao que nos cerca, é olhando nossa resposta que poderemos ser capazes de enxergar melhor ainda o seu resultado, que reflete no resultado do mundo; a ação é necessária.
Para que haja ação é preciso estímulo? O estímulo é se sentir melhor vendo tudo melhor em volta.
O agora as vezes demora pra passar, e não é fácil porque temos que parar e voltar avenidas, esquinas, becos, encruzilhadas, até encontrar-mos os desvios para então entrar no caminho certo. Recuar não é prazeroso. Porém, quanto mais suportamos sem ceder, mais nossos erros farão perceber presentes, e cada vez mais essa dor vertiginosa, anestesiada, nos afogará. Será necessário todo nosso custoso renascimento para então aceitar e enfrentar o desafio?
Não é tão difícil (re)começar. Basta aceitar o tempo que as coisas levam para se concretizar. Pouco a pouco lutaremos, dia após dia, conscientemente agindo; não esquecer e relaxar, deixando tudo voltar.
Todo processo de reconstrução é um pouco chato, mas podemos ver: depois que se estabelecem, as coisas ficam mais fáceis, dão fôlego para continuar a mudar e melhorar.
É tão claro, muito claro que tudo faz parte de um processo, processo que não sabemos se existe fim. Com todas as mudanças internas, subdivididas.
É tão óbvio que as grandes mudanças partem do mínimo.
Olhe bem nosso tamanho ao olhar para cima.
São muitas as urgências para acelerar o processo de melhora; cabe a nós, se queremos sofrer um baque para então poder recuperar, ou se recuperamos agora a rachadura na represa.
Poderíamos começar enxergando que nós dependemos da união para o aceleramento efetivar. É que nós não temos tempo pra ver todo o resultado. Assim que as coisas são, temos que aceitar o que não podemos mudar, entender que é mais esperta a vida e seu movimento.
Acredito que o primeiro passo seria proporcionar a continuidade desse movimento, preparando os futuros incentivadores dessa aceleração do melhorar. São os frutos a chegar, os germes que começam a olhar agora. Devemos proporcionar a ferramenta do pensamento: o conhecimento.
A coisa mais prazerosa e gratificante é melhorar. É o que temos de mais compensador.
Baseado na simultaneidade da ação e reação: o aprendiz gosta de aprender o que o professor gosta de ensinar. E pra ensinar é necessário bem estar. Poderíamos começar com o respeito, a atenção, a valorização do primeiro, do principal pilar de toda nossa continuidade no processo de melhorar.
Melhorar o todo, se incluindo nele. Mudar a sí é mudar o mundo, a matemática nos prova: (x) contém (y) quadrados; um desses y quadrados vira (z); x não é mais x.
Então começo, aqui, vendo meu próprio pensamento, e gravando na memória. Eu também sofro influências como outros sofrem; todos sofrem. Olhando pra mim guardando esse agora, mexo o lado de fora, mudando a mim mesmo pensando no fora.
As sementes, germinando agora, preservadas, são nossa garantia de que daqui pra frente o processo continue, que já está acontecendo, neste exato momento.
Valorizemos o aprendizado, incentivemos a produção de pensamento, a percepção interior do bem e do mal. Para que o bem predomine.
São tantas pequenas coisas a serem melhoradas. Não gostaria de me sentir pequeno, limitando seu pensamento desse todo, instiguemos a percepção e a descrição de todos os incômodos, para então podermos começar o processo.
Então começo falando do começo do próximo momento, da continuidade de todos os começos e avanços que aparecerão, a partir do momento em que se amplie, cada vez mais, o pensamento, observando todos os germes e ventos incômodos.
Faça-se prazeroso o aprendizado, faça-se mais recompensadora a arte de ensinar. Esse movimento deve partir de todos, cada grande movimento deve ser feito por todos, mas começa aos poucos. É preciso entendimento e paciência com os desgostosos da profissão atuantes atualmente, em seu objetivo: ensinar, fazer interessar, aproximar o mundo do aprendiz.
Disseminar o rótulo aprendiz, porque o professor também é iluminado pela visão, pelo reflexo da sua própria luz, dos que enquanto estão livres das impurezas do tempo.
Reagir, reagiremos, todos, às desarmonias incômodas que já estão antes de serem vistas.
Hoje, dia após dia.
Comecemos por nós, cada um que sofre, cuidando primeiro das novas sementes, para recuperar depois os outros já cascudos.
Memória - agora - futuro - agora - futuro...

GC
31/05/2008, 12:09:00

2 comentários:

  1. Nossa!!!!

    Muito forte seus pensamentos.
    Lindo e impressionante sua forma de expressar seus sentimentos, ou melhor, sua alma.

    ResponderExcluir
  2. O que mais me encanta em uma leitura profunda é a consciência de que cada palavra, em sua essência, surte um efeito diferente. Durante o tempo em que estive lendo diversos pensamentos, sensações, desejos, conclusões... Foram cultividaos em mim. Penso que essa é a fascinação que a leitura nos oferece.
    É muito prazeroso ler pensamentos tão próximos dos nossos, de uma certa forma é confortador, assim não nos sentimos tão só. Acreditar que o seu desejo de transformação não é único te faz ganhar forças para agir verdadeiramente.
    A única coisa que me intriga e faz questionar-me é o fato de que muitas das coisas que escrevemos não lemos para nós mesmos. Na nossa vida é necessário que sejamos não só o autor, mas o leitor também. Enxergar o que sentimos para expressar aos outros é de toda forma incrível, porém enxergar o que sentimentos e assumir que precisamos de algo a mais para sentirmo-nos completo ou precisamos eliminar algo que nos deixe em conflito ou até mesmo que precisamos parar de lamentar-se deixando a tristeza e o vazio de lado, dando vida ao que realmente pode surtir efeito em termos de alegria e satisfação. Dando vida a toda positividade em sua forma completa, acreditando, lutando, aceitando os desafios, transformando suas próprias palavras em sabedoria de existência, de vida, de evolução, de alma.

    É preciso sair da rotina, sair da gaiola, livrar-se de si mesmo. Aparecer para o mundo, não por fama ou sucesso, mas por conquista, sua, minha, dele, dela, de todos nós.

    Fazer acontecer!

    -----------------------------

    Espero por mais... quero-te na essência do meu ser, usufrir de tudo que ainda temos para aprender, pode parecer superficial ou mentiroso, mas para mim é intenso, é preciso, eu quero isso.



    Diana,

    Beijos com carinho!

    ResponderExcluir