Aqui. Aqui eu posso. Nesse limitado espaço de metro quadrado sinto liberdade
incontável. Eu nu, comigo mesmo. Longe dos olhares me desnudo e me revelo
íntima e infinitamente. Num profundo reinventar reflito sobre mim e tudo que eu
tenha tocado, com palavras ou olhares.
Transforma a mim também, água, leva embora a sujeira do dia a dia, das
podres relações, cinzas e fumaças. Queria eu também ter destino certo, canos e
tratamentos a seguir, condicionada, e minha ocupação: escorrer, deslizar acima
e abaixo. Queria eu poder ser uma simples gota. Levada e absorvida, aderida
entre milhares e milhares de outras gotas desnudas.
Leva embora memórias e cansaços, abrindo espaço para o novo.
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